quarta-feira, 9 de maio de 2012

Smooth Criminal



Um estrondo assustou Annie. O que havia lá fora? Ela correu para ver o que era. Na janela, um galho batia no vidro, devido ao forte vento. Annie suspirou de alívio, que boba havia sido, assustar-se por tão pouco! Alguém bateu à porta. Annie deu um pulo, o coração na boca. Ela adiantou-se a atendê-la, mesmo com um certo receio. Alguém lá fora, ainda com a porta fechada, perguntou:
- Annie, você está bem?
Outra batida na janela, outro susto. Mas Annie sabia que era só um galho idiota. A pessoa do outro lado da porta do quarto insistia:
- Então, Annie, você está bem?
Quando ela estava prestes a responder, notou algo no chão. Rastros de sangue manchavam o carpete. Ela estava apavorada. A voz perguntou novamente:
- Annie, você não vai nos dizer se está bem? - os olhos de Annie estavam arregalados. De onde viera aquele sangue? De repente, ela sentiu seu cabelo molhado, levou a mão até a nuca. Ali, naquele ponto, havia sangue.
Então, como se fosse ajudar em algo, Annie correu para baixo da escrivaninha. Observava tudo com cautela, mas algo puxou seu tornozelo e a fez cair, deitada no chão. Ela afundou as unhas no carpete.
- Annie, quem está aí?
"Como se fosse ajudar", Annie pensou, apavorada. Ainda não havia visto nada com clareza, sua visão era turva e embaçada. Ainda puxavam-na pelo tornozelo, em direção à cama. Annie segurou-se na cadeira da escrivaninha, tentando levantar-se. Ela sabia que, fosse o que fosse, tinha vindo pela janela, tão suavemente que ela nem havia percebido. Como um criminoso suave.
Tão ingênua, Annie, pensando que era um galho batendo contra o vidro. Tão inocente, Annie o que ele queria com você?
- Annie, o que está acontecendo? - a maçaneta girava, mas a porta não abria. Ela começou a chorar, agora mais ainda. - Me diga Annie, é ele? Ele entrou pela janela? - "Sim", Annie queria gritar, mas não conseguia. Já havia pensado e não sabia como ele conseguira entrar pela janela de seu apartamento.
- Annie você está bem? - A voz insistia.
- Eu não sei - respondeu ela. Era só o que ela conseguira dizer, ela realmente não sabia o que fazer, nem o que dizer, só o que veio foi:
- Eu não sei porquê!
Ela sentiu lágrimas rolarem em seu rosto. Sabia que não havia nada que pudesse fazer, nada mudaria seu final. O frio do entendimento percorreu sua espinha quando se viu encarando dois sinistros olhos. Annie deu seu último suspiro: era seu fim. 
O criminoso suave a segurou pelos ombros e Annie soluçava nervosamente. Ele a virou de costas e ela sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Suavemente ele quebrou seu pescoço. Michael finalmente arrombara a porta, entrou perguntando se Annie estava bem, a encontrou caída, imóvel, branca, morta. Ele olhou para janela.
O criminoso estava longe. Seguro.

Você foi atingido, você foi derrubado, por um criminoso suave.

Um comentário:

  1. Só pra constar, sonhei com isso ontem, não consegui ver quem era a Annie, mas a tu estava do outro lado da porta perguntando se a Annie estava bem. hahaha Culpa tua e da Aline!

    ResponderExcluir